Reencontros
Lisboa como ela é
Camila de Oliveira
3/2/202514 min ler


CAOS
Era mais um dia a caminho do trabalho. As preocupações de sempre na cabeça, a raiva, o medo, a angústia, a inquietação, a falta de dinheiro para pagar todas as dívidas e contas por vir. Mas já tinha passado por outros trabalhos piores, que deixaram mais marcas em seu corpo e em sua alma.
Recentemente, Carolina tinha conseguido um emprego em uma pastelaria especializada em produzir pastéis de nata e ela ficou empolgada de ser uma maneira de estar inserida na cultura portuguesa, trabalhando com um dos maiores ícones da cultura local. Uma brasileira recém-chegada em Portugal, fazia poucos meses que tinha desembarcado nas terras do outro lado daquele vasto e tão conhecido oceano onde sempre recorria quando alguma coisa em seu coração a sufocava, quando ia às praias do litoral de sua cidade natal.
Não queria sair de seu país, pois amava o Brasil com todas as suas belezas e imperfeições. Mas, com a chegada do visto em sua casa através daquela tão impactante carta do consulado, reuniu toda a coragem que tinha e foi rumo à Portugal, chegando a exatos seis meses atrás.
Ela entrou no comboio e se deixou levar pelos pensamentos e sentimentos. Naqueles últimos dias, a saudade da família e de sua cidade estavam apertando. E as lágrimas secavam antes de cair. Não podiam se dar ao luxo de rolarem mais uma vez em seu rosto. Só sobrava a coriza no nariz, mas essa dava para disfarçar com “É só uma alergia, está tudo bem”.
Sabia que seu coração estaria para sempre dividido entre Lisboa e Rio de Janeiro e o seu senso de pertencimento a partir de agora se encontrava no limbo, deslocado em um emaranhado de sentimentos pelas duas terras. Desde que embarcou no avião – e essa não foi uma tarefa nada fácil –, carregando consigo duros conselhos sobre como reagir à nova região, de maneira chocante para ela, foi tão bem recebida e tão bem acolhida pelas pessoas e pela cidade que, então, começou a se afeiçoar de maneira permanente pelo local que habitava sua nova vida.
No começo, Carolina olhava para as ruas de Lisboa em seus trajetos e não se via ali, não se via na construção daquela história, daquele espaço, daquele território. Como uma estranha no ninho. Não que ela tivesse participado de alguma construção ou legado em seu país, em sua cidade, mas no Brasil sentia a legitimidade de bater no peito que era brasileira, que tinha autoridade para pertencer àquele espaço e se desenvolver. Aos poucos, foi se permitindo sentir pertencida na terra portuguesa também, como uma flor que cresce, insiste e se desenvolve no asfalto. Carolina se deu conta de que temia a vida. Ali, ela permitia-se reencontrar sua essência, reencontrar-se e construir uma vida feliz e efetivamente verdadeira com a sua identidade, sem se deixar levar pela necessidade de aprovação do outro. Na verdade, uma força a movia para isso. Não era uma tarefa nem um pouco tranquila e, por isso, vivia em meio ao caos e à paz internos e externos. Na verdade, de maneira irônica, era aqui que ela começava a escrever e participar efetivamente da construção de uma história, da construção de um legado: a própria vida.
Nesse dia, foi tomada por todo esse furacão interno e decidiu mudar um pouco a rotina. Na hora da pausa do jantar no trabalho, foi para rua ver a vida, como seu colega de trabalho argentino lhe inspirou durante uma conversa. Na porta de seu trabalho, olhou ao redor as ruas da cidade. O caos sussurrava em seu ouvido sem palavras, assim como movimentava seu coração sem gestos. Sentou-se em um quiosque perto do trabalho, não tinha muita força, tampouco vontade. Era algo que já tinha se habituado. Mas o caos a conduzia sem mãos. Uma música e uma multidão próximas a ela provocavam-na. Foi instigada a ver o que era, o que estava acontecendo e foi até lá. Não sabia que, na verdade, esse era um chamado da vida. O caos a convocava com toda a sua força.


VIDA
Ha Yeon-hee tinha acabado de concluir sua faculdade quando decidiu tirar férias com as amigas em Portugal. Sul-coreana, ela havia concluído com méritos a renomada faculdade de Direito que seus pais escolheram para ela. No dia de sua formatura, um filme sobre sua vida passou diante dos seus olhos. Não era sobre o que ela já passou e viveu, era sobre seu futuro a partir daquele dia: casamento, filhos, carreira, casa, família. Diante disso, tomada por uma força inominável e irreconhecível que rondava sua mente, seu coração e sua alma, convidou suas duas melhores amigas para fazer uma curta viagem para Lisboa.
Olhava para as três passagens de avião na mão, aguardando no aeroporto suas amigas chegarem para embarcar no avião, ainda processando tudo que tinha acontecido nos últimos dias. Ela estava feliz com sua coragem e ousadia, algo que ela não se permitia experimentar. Mas a vontade era maior do que seus próprios medos e limitações impostas durante toda a sua vida. O maior desejo que a movia agora era ter uma aventura única e marcante, uma história especial e inesquecível antes de mergulhar no fluxo da vida que a aguardava. Permitiu-se, pela primeira vez, viver e sentir a vida, ser feliz a seu modo, seguindo suas próprias vontades, tudo que um dia sonhou fazer.
Nesse momento, passou uma família de turistas americanos por Yeon-hee. O homem que parecia ser o pai carregava uma mochila em suas costas e parou em sua frente. A frase que estava escrita na mochila chamou sua atenção: "Every movement starts with a first step." ("Todo movimento começa com um primeiro passo.").
Com um sorriso no rosto, foi ao encontro de suas amigas que acabavam de chegar. Entrou no avião com o coração cheio de empolgação e as mãos suadas de ansiedade.
A viagem corria muito bem, tudo como elas planejaram. Elas já tinham conhecido lugares incríveis, histórias memoráveis e tudo quanto era tipo de pessoa. Era seu último dia em Lisboa quando uma de suas amigas sugeriu ir em uma pastelaria para experimentarem um dos doces mais tradicionais e conhecidos de Portugal, o pastel de nata. Foram à pastelaria que ficava perto de onde estavam hospedadas. Yeon-hee continuava tão encantada e deslumbrada com tudo que conhecia e fazia quanto no seu primeiro dia em Lisboa. Apreciou cada mordida do pastel de nata como se fosse um pedacinho do paraíso (pois era essa sensação mesmo que dava), enquanto conversava e ria com as amigas de maneira leve e descontraída. No último dia, não quiseram ter planos, deixaram a cidade as guiar.
Foi, então, que elas começaram a ouvir o som de uma música e de pessoas animadas que acompanhavam essa mesma música. Ficaram curiosas para saber de onde vinha e ao sair na rua, descobriram que o som vinha de uma praça perto dali. Foram até lá para conferir.
Quando ela chegou na praça, viu um grupo de pessoas bem animadas formando um círculo ao redor de um cantor que cantava alegremente músicas internacionais famosas, todos muito animados, a multidão cantando a música junto com o cantor. Alguns corajosos iam para o meio desse círculo para dançar. Era de uma liberdade, uma beleza, uma energia tão fortes, tão profundas, tão contagiantes que Yeon-hee não sabia nem que isso era possível de existir, tampouco conseguia descrever. Olhou para as amigas e seu corpo já a conduzia para dança sem antes mesmo do cérebro raciocinar o ato. Queria muito ir ao meio do círculo para dançar também. Aquela entrega ao momento, às emoções daquele encontro era o ponto máximo da viagem, quiçá de sua vida. O que se passava dentro de Yeon-hee só era possível de ser explicado com metáforas. Ela era fogos de artificio do ano novo, que aguardam ansiosamente pelo seu grande momento e, quando chega o último segundo da contagem do ano novo, rompem no ar em uma explosão poderosa, magnífica, intensa, linda.
Olhou para trás e viu uma brasileira com um sorriso tímido. As faíscas que flamejavam nos olhos de uma reconheceram as faíscas flamejantes nos olhos da outra. Foi assim que, ainda tímida, mas motivada repetidas vezes por suas amigas, Yeon-hee rompeu aquele limite imaginário que organizava os espectadores e sua própria vida, tomou coragem e se lançou ao círculo para iniciar seu espetáculo de libertação.
Ali, ela reencontrou a vida pulsando dentro dela e ela pulsava de volta ao ambiente ao redor. Era contagiante de se ver, belíssimo. Agitando no ar seus cabelos presos por um lenço colorido, vestida com uma camisa branca, calça jeans e sapatilhas, ela era feita de graça e alegria em cada movimento ritmado com a música que o cantor na praça cantava. O cantor, por sua vez, como um imã de coisas boas, só atraia as melhores energias de todos que ali passavam.
Era lindo demais de se ver. As amigas se emocionavam junto com ela, enquanto eternizavam aquela cena, filmando com seus celulares. Todos ficavam contagiados com a sua dança e sua alegria de viver e motivavam Yeon-hee a dançar mais e mais, como em um ritual de celebração à vida e à existência de todos que ali estavam e se entregavam ao momento. Permitiu-se ser feliz.
Explodindo e transbordando de felicidade, ela sabia que a Yeon-hee que voltaria para a Coreia do Sul nunca mais seria a mesma. Será tudo que um dia ela sonhou ser.


SONHO
Lucas acordou num rompante e foi verificar a hora. Já era quase a hora do almoço. Por isso, ouvia o som de conversas animadas e muitas risadas de sua família vindo da cozinha. Não podia deixar de faltar Soraia Ramos criando o clima do ambiente com suas músicas tocando na coluna que Lucas tinha dado de presente para seus pais no último Natal. Filho de santomenses, o jovem português já conhecia muito bem toda aquela sinfonia que o envolvia alegremente desde criança. Todas essas influências formavam o pano de fundo que fez despontar e desenvolver um grande sonho em seu peito, preenchidos por essa alegria, por essa energia, por essa força que sua família e sua cultura emanavam. Um sonho que arrebatava seu coração e preenchia todo o seu ser desde a hora que se levantava até a hora de dormir (por incontáveis vezes, até mesmo durante o sono).
Tinha trabalhado até tarde na noite passada e dormiu tão profundamente, realizado que estava em, aos poucos, construir seu sonho que não escutou o despertador tocar mais cedo. Levantou rápido e foi tomar um banho, ao som de Twenty Fingers. Dançava e cantava no chuveiro como fazia todas as manhãs. Como se fossem parte da família, os cantores que tocavam na casa de seus pais acompanhavam-no em seu dia a dia, oferecendo conselhos, fazendo refletir sobre a vida e seus desafios, dando boas risadas juntos e injetando a dose de motivação na rotina, embalado e inspirado por cada letra, melodia, ritmo e harmonia. Um dia, ele pensava, vou inspirar, motivar e alegrar tantas multidões quanto pudesse também. Era uma jornada árdua, mas Lucas estava decidido a não desistir.
Saiu correndo em direção à cozinha, pois já estava atrasado para se preparar para o trabalho. Ia pegar algo rapidamente para comer quando sua mãe foi ao seu encontro.
- Chê, bom dia para você também, meu filho. Que correria é essa? Sabes que nós, santomenses, não corremos. Lá fora é essa loucura e agitação ensandecida, todos correndo para cima e para baixo como se não tivessem direção certa na rua. Aqui em casa é diferente, é território santomense, leve-leve. Nunca há necessidade para correria. Se está correndo é porque algo está errado.
- Bom dia, minha mãe! – Deu um beijo carinhoso na testa dela, enquanto falava. – Desculpe, hoje é um dia importante no trabalho e preciso me adiantar para deixar tudo preparado.
- Eu sei, meu filho. Estamos todos aqui torcendo por você e nós temos certeza de que tudo vai dar certo. Lembra que eu falei com você quando ainda era um miúdo que você nasceu par brilhar e iluminar tudo e todos ao redor? Vá e cumpra seu propósito, seu sonho poderoso, por você, por nós.
Os olhos de Lucas irradiavam em lágrimas. Matias Damásio participava também da conversa, versando “mas o mundo nos chama loucos...”.
- Sim, minha mãe.
Não eram necessárias muitas palavras para que ambos entendessem a magnitude daquele momento e dos sentimentos envolvidos. Eles se comunicavam no olhar e no largo sorriso que um ofereceu ao outro. Tal e qual os belos olhos e sorriso de sua mãe, como sempre lhe falavam.
Lucas olhou para o relógio e notou que sua hora de ir se aproximava. Ansioso, soltou sem querer um:
- Fo**-se, preciso ir. Já estou quase atrasado.
- E-e, que rebeldia é essa? Desculpa lá, mas sabes que eu não admito palavrões, me respeite. – Sua mãe mudou completamente a expressão em seu rosto, destinando uma repreensão séria ao filho.
Lucas escondeu um riso ao ver aquela cena e a mudança repentina de emoções, pois sabia que aquele tema era confusão grande mesmo em casa.
- Desculpe, mamã. Até mais tarde! Conto tudo o que acontecer ao chegar.
Despediu-se rapidamente dos familiares. Seu pai aproximou-se e cumprimentou-o afetuosamente. Olhou nos olhos do filho e disse: “boa sorte”. Lucas devolveu o gesto com um aceno de cabeça confiante e feliz.
Quando virou a esquina de sua rua, fora da vista de sua família, foi correndo em direção à estação de metro. As portas do comboio sinalizavam seu fechamento quando Lucas saltou para dentro a tempo de pegar o transporte na hora que precisava para chegar em seu local de trabalho.
Chegou na praça que já era sua velha conhecida. Cumprimentou seus colegas que dividiam o mesmo espaço de trabalho. Preparou todos os seus equipamentos e quando chegou a sua hora, adentrou no espaço de trabalho compartilhado e pediu licença em silêncio respeitosamente, ajustou o microfone, o violão e a coluna, cumprimentou a sua plateia que se formava no entorno, ofereceu o sorriso de sua mãe, sua mesma simpatia e força de presença e deu início a mais um dia de seu sonho: ser um grande cantor.
Lucas cantava animadamente com as pessoas. Quando se deu conta, uma grande multidão já se formava e não paravam de chegar mais e mais pessoas. Pessoas de todos os lugares do mundo, celebrando e enaltecendo a potência do talento e luz que Lucas emanava e fazia emanar de todos ao redor em contrapartida.
Tomado por um turbilhão de sentimentos ao ver a grandeza daquele momento tão especial, usou o microfone para conversar com a plateia. Compartilhou e descreveu seu sonho de ser uma estrela da música. Em seguida, disse que ia cantar naquele momento uma canção de sua autoria que descreve a jornada do seu sonho, que aquela era uma ocasião muito especial para ele porque era a primeira vez que ele realizava o sonho dele ser cantor, cantando suas próprias músicas, fazendo tocar os corações das pessoas com as suas próprias composições e histórias. Começou, assim, a cantar sua música “Sonhador”.
Dava para tocar no ar a emoção daquele momento sentido por todos ali presentes. Era agora um sonho sonhado coletivamente. Todos os sonhos ali reunidos, sentidos em conjunto. Não era mais um grupo de pessoas reunidas. Eram sonhos sentidos e vibrados em uníssono.
Percebeu que sua hora naquele espaço se aproximava do fim e anunciou a plateia que aquela era a sua última música da noite. Mas a multidão encantada, motivava-o a continuar, a não parar de cantar, a não permitir terminar aquele tempo presente mágico. Foi convencido, então, a tocar mais uma música. Dessa vez, escolheu homenagear Bruno Mars com sua música radiante.
O grupo de pessoas dançando à sua frente em meio ao círculo aumentava e todos que ali estavam viraram um grupo só de dançarinos entusiasmados: uma jovem dançando com um senhor vestido de capitão de um navio, amigas dançando em grupos, um senhor que permanecia bem à sua frente, fantasiado com roupas do Brasil, vibrando e dançando com suas músicas livremente e divertidamente, famílias dançando em conjunto, um casal em que a mulher estava vestida com uma camisa que tinha a estampa da frase “I S2 Lisbon”, uma senhora vestida de burca entusiasmada com a música em passos tímidos e um sorriso permanente no rosto, uma jovem asiática que contagiava-o também com sua graciosidade, alegria e espontaneidade em seus passos. Ao fundo, avistou uma brasileira em meio a multidão, quietinha, observando tudo. Seu sorriso tímido não conseguia esconder a grandeza do brilho em seu olhar ao absorver aquele momento e Lucas só ficava imaginando o que acontecia dentro daquele coração que transbordava visivelmente no rolar de suas lágrimas pelo rosto daquela mulher. O furacão que a movimentava internamente naquele instante era visível mesmo de onde ele estava.
Se ele pudesse, guardava em um potinho a sete chaves aquele micro instante de tamanha intensidade e beleza criadas naquele tempo-espaço que aquela praça gerava.
Em um instante que se justificava posteriormente só pela mágica, pois era inexplicável até por eles, os olhares de Carolina, Ha Yeon-hee e Lucas foram atraídos uns para os outros ao mesmo tempo. Como naquelas cenas de filmes em que tudo ao redor some momentaneamente e só sobram os três naquele espaço. Os três, ao se entreolharem, congelaram, compreendendo e absorvendo o impacto daquela brecha no tempo e no espaço. Os três sentiam a influência física e emocional um do outro, sentiam o compartilhar da chama que os incendiava e inflamava por dentro. Um inspirava a desconstrução e a remontagem no outro. Um tocou o coração do outro com seus sonhos e jornadas e despertaram verdadeiramente para a vida. Não eram mais coadjuvantes, não eram mais observadores. Eram os personagens principais da história. E, assim, tudo ao redor deles foi voltando à vista e os três concluíam aquele dia completamente e permanentemente diferentes de quando acordaram.
Lucas agradeceu a todos pela oportunidade incrível e inesquecível daquele dia e começou a guardar seus equipamentos e organizar o ambiente, quando um homem se aproximou dele. Cumprimentou-o, elogiando pelo seu belo trabalho feito naquele dia, se apresentando como diretor de uma conhecida gravadora da região e solicitando uma reunião para tratar de uma oportunidade de contrato para a criação de um álbum:
- Meu jovem, devo dizer que seu sonho já é real: você já um grande cantor e já inspira e contagia multidões a iluminar, a reacender e florescer com a sua luz os sonhos das pessoas também.
Extasiado e ainda anestesiado com os últimos acontecimentos daquele dia, ali, ele reencontrou a força do seu sonho. Permitiu-se ser um sonhador.


PORTO SEGURO
Na correria do dia a dia, ninguém percebia, mas Lisboa, secretamente, sondava os corações e os sonhos de todos que a habitavam, seja os que estavam de passagem seja os que faziam seus lares na cidade. Lisboa guiava o fluir e os caminhos de seus frequentadores, conectando histórias quando era necessário também. Foi assim que, em um certo dia, acompanhando a jornada de Carolina, Ha Yeon-hee e Lucas, a cidade organizou um plano calmamente e intencionalmente uniu os fios condutores dos seus três habitantes para produzir a faísca que precisavam e, assim, inflamar suas vidas, refazendo suas rotas e conduzindo-os para o início de suas magníficas jornadas.
Assim o é porque a história conta que um dos primeiros povos que chegou em Lisboa nomeou-a Porto Seguro e fez daqui sua fortaleza. Anos, décadas e séculos se passaram e hoje Lisboa passou a ser Terra de Sonhadores. Sonhos que eram sementes, mas foram arrancados do solo da terra mãe antes mesmo de germinarem. Lisboa, então, permitia-se ser terra fértil, acolhendo e germinando cada semente de cada sonho de quem a frequentava. Lisboa, assim, reencontrou sua fortaleza, fazia realizar e sonhava o sonho dos grandes sonhadores.
*Esse conto eu escrevi para participar do Prêmio Novos Talentos FNAC 2024. Me permiti criar um feixe de esperança no fundo do coração que eu estaria entre os finalistas, mas nada feito. Valeu pela coragem e iniciativa em participar de um concurso na área pela primeira vez e pelo apoio da minha família e por acreditarem tanto em mim :) Esse foi o melhor prêmio <3
** Inspirado em fatos reais, com uma pitada de imaginação e fantasia, Reencontros conta a história de três pessoas que se conectam e se resgatam mutuamente em Lisboa, no (re)encontro inesperado em um final de dia promovido pela cidade que mudará suas vidas para sempre dali por diante.
O conto provoca o olhar para a multiplicidade de vivências e de habitantes que buscam Lisboa, Portugal, em suas lutas e suas paixões: o imigrante, o turista, os portugueses descendentes de imigrantes que se desenvolveram na região, lançando luz de maneira afetuosa e buscando fazer uma homenagem à essa relação dos habitantes com a cidade.
Fogo Palavra
Curadoria da vida. Explorando as falhas na Matrix. Um refúgio compartilhado.
Fala comigo
Passa a visão
contato@fogopalavra.com
© 2025. All rights reserved.
